segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A Montanha Mágica


Em 1912, e após acompanhar a sua mulher num longo processo de tratamento de uma doença pulmonar, Thomas Mann começou a escrever aquele que viria a ser indubitavelmente um dos maiores romances do século XX: A Montanha Mágica.

Num constante deambular entre o realismo e o simbolismo, e acompanhando toda a complexa e profunda história deste romance, o autor traça-nos de uma forma exemplar o cenário vivido na Europa dos anos 10.

Vários são os temas abordados pelo autor nas suas quase 800 páginas (pelo menos na edição que li), desde a doença à sexualidade, a vida, a morte e, talvez mais do que qualquer outro tema, o tempo. Thomas Mann joga com o tempo de várias formas, não só do ponto de vista do conteúdo do discurso das suas personagens (nomeadamente por Hans Castorp, Lodovico Settembrini e, mais tarde, Leo Naphta), mas principalmente usando e abusando de um malabarismo que nos envolve no decorrer da leitura deste romance. Gradualmente - e na mesma medida com que Hans Castorp se adapta à sua nova vida de reclusão - vai-se afastando de um modo narrativo onde dezenas de páginas descrevem a vida de algumas horas da personagem principal, para um ponto onde um simples parágrafo já descreve um ano em Davos, nos Alpes suíços.

A Montanha Mágica é uma experiência que nos acompanha por toda a vida, uma viagem ao âmago mais profundo do ser humano.