sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Um Disco Perdido
Fez 5 anos em Setembro. PJ Harvey celebra o piano na sua vida com um álbum de 11 canções originais. White Chalk apresenta-nos um mundo onde demónios e outros espíritos tomam conta da alma da compositora/performer, um mundo para onde somos arrastados a cada nota daquele piano reverberado. Um universo de pântanos escuros, colinas frias num inverno sem vento e cheio de dias chuvosos.
quarta-feira, 28 de novembro de 2012
Ponte
Uma ponte de betão que fez parte de um imaginário colectivo e de sonhos perdidos. Toneladas de cimento que foram em tempos úteis desintegram-se, fundem-se com o tempo que passa... mas adaptar-nos-emos rapidamente a uma nova realidade.
domingo, 25 de novembro de 2012
A Cidade
Há uma cidade perfeita a morrer no planeta. Uma cidade que para muitos poderá ser o resultado de um conjunto de mentes poluídas, um erro da humanidade, um desperdício de recursos, homens e mulheres enganados a quem um dia lhes foi dado o poder da experimentação. Uma cidade que para mim foi um espaço natural um dia alterado pelo (e para) o Homem, o resultado da luz dos corações e das mentes de outros seres humanos esclarecidos.
A cidade perfeita é circundada pelas ruas da energia, da juventude, da concórdia, rua do parque, do cosmos e pela avenida da paz. E atravessam-na as ruas dos veteranos (da guerra contra a Alemanha Nazi) e dos construtores (da própria cidade).
Na cidade perfeita há trabalho para todos. Não existem casas para ninguém mas sim apartamentos para todos. Há transportes públicos, cafés, lojas, restaurantes, um lago com oito quilómetros de perímetro, centro desportivo, bibliotecas, um hospital e centros de saúde.
A cidade perfeita espera-me. E eu espero ajuda-la na sua luta contra o esquecimento.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
Escolha
1) Um apartamento no frio, num prédio imenso e velho, alto, onde a noite suplanta em muito as tentativas que o dia faz de permanecer quieto. O sol é uma memória. Um homem encosta-se a uma janela e observa o movimento silencioso lá fora, está prestes a vestir dez quilos de roupa, para confortavelmente enfrentar o exterior, na procura da socialização que lhe escapa há muito.
2) Alguns raios de Sol atravessam a atmosfera a uma velocidade incrível, aquecendo uma casa de madeira isolada numa pradaria, algures numa Europa perdida. Melancolia multiplicada por tormentos inexistentes, argumentos impossíveis de reter e relva pura e húmida na cara de quem se deita a descansar. A descansar de uma vida quente... Restam os dias vazios do futuro.
Vou ter de escolher em breve.
2) Alguns raios de Sol atravessam a atmosfera a uma velocidade incrível, aquecendo uma casa de madeira isolada numa pradaria, algures numa Europa perdida. Melancolia multiplicada por tormentos inexistentes, argumentos impossíveis de reter e relva pura e húmida na cara de quem se deita a descansar. A descansar de uma vida quente... Restam os dias vazios do futuro.
Vou ter de escolher em breve.
segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Filme "La Jetée" de Chris Marker
“La Jetée” é uma daquelas experiências cinematográficas que não se esquece. Com apenas meia hora de duração e praticamente circunscrito a uma sequência de fotografias a preto e branco, Chris Marker cria um ambiente que é ao mesmo tempo violento e enternecedor, apoiado pela profundidade da voz do narrador, hipnotizando-nos com cada sílaba da sua voz gasta, intensa e aveludada. A narrativa não segue os padrões lineares habituais, lembra-nos que a nossa memória pode também transportar-nos no tempo (seja para o passado ou para o futuro) libertando-nos da simples e restrita condição humana da vida pontual.
Muito poucos filmes inventam uma nova forma de contar uma história. “La Jetée” faz muito mais que isso. Mostra-nos que toda a tecnologia à disposição do realizador de hoje é inútil e fria quando por trás não se encontra um verdadeiro criador. Marker utiliza uma câmara fotográfica e os seus rolos de 35mm para nos levar através de uma acção que deambula entre a percepção e a memória, entre o amor e a morte, entre a ficção científica e o romance (10 anos antes de “Solaris”, de Andrey Tarkovsky).
Esta é uma história de amor. De um amor que se estende literalmente pelos corredores do Tempo, que aniquila qualquer circunstância presente, qualquer catástrofe que possa cair sobre o Homem ou sobre o mundo. E este é um filme que ficará para sempre.
domingo, 18 de novembro de 2012
Chegada
Cheguei há momentos à aldeia que jazia na neve profunda.
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