terça-feira, 9 de abril de 2013

Abetos ou Ciprestes em Linhas Soltas


Aos Abetos: Não vos deixo, não vos quero deixar. Não sei como irei lidar com a vossa ausência, mas não vos quero longe. À distância de um braço tenho a árvore mais alta, uma sequóia podre ou um ramo inalcançável de uma outra espécie qualquer. Mas dentro do meu corpo não tenho mais do que braços partidos de um eixo que o planeta atirou para o céu. Não irei permitir que do meu coração algum dia possa parar de jorrar amor por vós, não serão as outras árvores responsáveis pela destruição do meu cadáver, não vos quero sentir num outro continente, numa ilha do passado, ou num habitat inóspito.

Não quero menos que subir aos vossos ramos, ó Abetos, estilhaçar toda a casca que vos envolve, subir ao mais alto patamar da vossa existência e daí gritar. Gritar com os meus pulmões em sangue, salivar toda a fúria que me provocais a partir do cume da vossa eterna beleza.

Não quero nunca mais dizer um "não". Não quero ser capaz de dizer "não". E quero para sempre falar a língua das árvores.

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